Quando o microbioma perde o equilíbrio, o corrimento muda, e o seu corpo alerta que algo precisa de cuidado.

✨ O corrimento fala antes da doença aparecer, e entender esses sinais é essencial para sua saúde íntima.

O que é o microbioma vaginal?

O microbioma vaginal é o conjunto de micro-organismos que vivem naturalmente na vagina. Ele é formado principalmente por lactobacilos, bactérias benéficas que ajudam a manter o pH ácido e proteger contra infecções.

Quando esse ecossistema se desequilibra, os agentes de defesa diminuem, e fungos ou bactérias passam a se multiplicar com mais facilidade. O resultado? Corrimentos frequentes, desconfortos e inflamações que parecem nunca ter fim.

O que é considerado corrimento recorrente?

Embora seja normal que a vagina produza secreções ao longo do ciclo menstrual, episódios repetidos de corrimento com cheiro forte, coceira, ardência ou mudança drástica de cor indicam que algo não está funcionando como deveria.
Quando isso acontece por três ou mais vezes ao ano, chamamos de corrimento recorrente.

Esse quadro está diretamente relacionado ao microbioma vaginal, o conjunto de microrganismos que protegem a região íntima. Quando esse ecossistema se desequilibra, as infecções encontram espaço para se repetir.

Por que o microbioma vaginal se desequilibra?

Como vimos  a flora vaginal é naturalmente dominada por Lactobacillus, bactérias benéficas que produzem ácido lático e mantêm o pH vaginal ácido, condição ideal para evitar infecções.
Quando esses lactobacilos diminuem, fungos e bactérias oportunistas se multiplicam.

Esse desequilíbrio pode acontecer por vários motivos, como:

• Uso recorrente de antibióticos
• Duchas vaginais
• Estresse e baixa imunidade
• Uso de roupas apertadas ou sintéticas
• Alterações hormonais (menopausa, pós-parto, ciclo menstrual)
• Diabetes descontrolado
• Relações sexuais sem proteção
• Higienização inadequada

Assim, o corpo tenta se defender, e o corrimento muda, é o primeiro sinal de alerta.

 

Principais causas de corrimento recorrente

Embora existam muitas condições, as mais comuns são:

• Candidíase de repetição - Provocada pelo crescimento excessivo do fungo Candida. Causa coceira intensa, ardor e corrimento esbranquiçado.

• Vaginoses bacterianas - A mais comum é causada pelo Gardnerella vaginalis, gerando odor forte, muitas vezes descrito como "cheiro de peixe".

• Infecções persistentes por outros microrganismos - Como Trichomonas, outras anaeróbias e até desequilíbrios profundos do microbioma que passam despercebidos no exame de rotina.
   

Quando o corrimento indica desequilíbrio?

Fique atenta se você perceber:

• Odor forte (principalmente “cheiro de peixe",  típico de vaginose bacteriana)
• Corrimento espesso e branco que parece “leite coalhado” (característico de candidíase)
• Fluido amarelado ou esverdeado
• Coceira intensa
• Ardência ao urinar
• Dor nas relações

👉 Corrimentos recorrentes nem sempre significam infecção sexualmente transmissível. Muitas vezes, indicam desregulação do microbioma que precisa ser tratada na raiz.

Como é feito o diagnóstico?

A avaliação ginecológica deve incluir:

• Exame clínico
• Avaliação do pH vaginal
• Microscopia do conteúdo vaginal
• Cultura ou biologia molecular (em casos persistentes)
• Investigação de doenças associadas (diabetes, líquen escleroso, imunossupressão)

O diagnóstico correto é essencial para definir o tratamento e controlar a recorrência.
 

Tratamentos para corrimento recorrente

O tratamento depende da causa, mas pode envolver:

1. Reposição do microbioma vaginal

Uso de lactobacilos por via vaginal ou oral com objetivo de restaurar a flora protetora.

2. Tratamentos específicos para cada infecção

• Antifúngicos para candidíase
• Antibióticos para vaginose bacteriana
• Protocolos combinados quando há infecções mistas

3. Laser vaginal de CO₂ fracionado

O laser íntimo é uma alternativa moderna e minimamente invasiva indicada em casos de recorrência crônica, principalmente quando existe:

• Atrofia vaginal
• pH elevado
• Falha repetida dos tratamentos tradicionais
• Irritação e inflamação persistentes

O laser age promovendo:

• Renovação celular da mucosa vaginal
• Equilíbrio do pH
• Fortalecimento do tecido vaginal
• Aumento de circulação sanguínea
• Melhora da imunidade local
• Redução da inflamação crônica

Com o microambiente vaginal mais saudável, o risco de novas infecções diminui significativamente.

Como o laser é realizado?

• Procedimento ambulatorial
• Minimamente invasivo
• Sem cortes
• Duração média de 10 minutos
• Recomendado em 2 a 3 sessões
• Recuperação rápida e retorno às atividades no mesmo dia
  
  

Como o ginecologista pode ajudar?

A orientação especializada é essencial para:

• Identificar a causa do corrimento
• Avaliar se há fatores associados (hormonais, dermatológicos, imunológicos)
• Definir o tratamento ideal
• Evitar o ciclo de “melhora e retorno”
• Restaurar o equilíbrio vaginal de forma sustentável

A prevenção também faz parte da cura

Após estabilizar o microbioma, manter hábitos saudáveis é essencial:

• Prefira roupas íntimas de algodão
• Evite duchas vaginais
• Tenha boa hidratação
• Controle doenças associadas, como diabetes
• Use preservativo nas relações
• Evite uso desnecessário de antibióticos

Pequenas mudanças podem evitar grandes desconfortos.
 

Conclusão

Corrimento recorrente não é normal, e ignorar os sinais pode favorecer infecções cada vez mais difíceis de tratar.
Entender o microbioma vaginal, identificar a causa verdadeira e adotar um tratamento completo, que pode incluir desde medicamentos até o Laser CO₂, é o caminho para recuperar o conforto íntimo.

📚 Referências científicas

• Brotman RM. Vaginal microbiome and sexually transmitted infections: an epidemiologic perspective. J Clin Invest. 2022.

• Linhares IM, Witkin SS. Microbiome vaginal: impacto na saúde feminina. Clinics. 2021.

• Bornstein J et al. Laser therapies in gynecology: consensus and review. J Gynecol Obstet Hum Reprod. 2020.

• Workowski KA. Sexually transmitted infections treatment guidelines. CDC. 2021.

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